Verba
0 €
Área de Intervenção
Espaço Público e Espaço Verde
Proponente(s)
Alberto Umbelino Gonçalves
Localização
Largo de Santo António em São Miguel de Acha
nº 10
Alíneas g) e k) do n.º 2 do artigo 14.º do Regulamento do Orçamento Participativo do Município de Idanha-a-Nova
O Coreto
"É possível que os Coretos sejam dos espaços públicos mais ignorados pelo português deste século. Passamos por eles como se fossem publicidade. Não ligamos e ficam-nos retidos na memória inadvertidamente, pela frequência com que aparecem, quer em aldeolas que as serras fizeram esquecer, quer em jardins urbanos das capitais de distrito. Não fosse o seu nome, e se calhar nem saberíamos o porquê da sua existência. Desconfiaríamos apenas que deveria ter tido alguma razão de ser, caso contrário não teriam existido. Mesmo assim, eles aguentam-se. E alguns ainda têm o propósito de outros tempos. Não são apenas espaços para as bandas locais darem canções ao povo – são também parte de uma identidade bem local, um pequeno orgulho das freguesias do país. O aparecimento dos Coretos na vida das gentes está intimamente ligada ao surgimento dos jardins enquanto espaço público. O jardim veio para ficar com o planeamento urbano que começou por alturas do século XVIII e XIX. A ideia era criar um espaço de todos, verde e cuja inspiração devia muito ao romantismo. França terá sido dos primeiros países a criar tal ambiência, no seio de cidades e aldeias, onde a democratização dos espaços comunitários foi estimulado na ressaca da Revolução Francesa. Inglaterra seguiu os passos dados pelo seu vizinho a sul. E em poucos anos o Coreto era uma inviabilidade europeia, e um sinal identitário da terra onde figurava. O Coreto, enquanto complemento musical, entrou aí, com maior incidência a partir do século XVIII. Fixavam-se no centro do jardim, habitualmente. Quase que dava a entender que o jardim se foi fazendo à volta dele. E assim surgiu o primeiro rádio do mundo, muito antes desse aparelho ser sequer um pensamento."